quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

aridez



O arco íris não surgiu ainda, pelo menos não pra mim, não no meu céu. 
Ao invez disso o céu se escurece cada vez mais ao decorrer da tempestade. 
A forte chuva e os barulhentos trovões invadem as paredes e o chão do quarto com meros "riscos" que entram pelas frestas da minha janela, e isso é tudo o que eu tenho: pequenos e míseros feixes de luz. O meu quarto não me protege mais. ele não me me acolhe, não me acalma, não me abraça como antes.. Ao contrário, é o lugar mais perigoso e frio de todos os que eu possa ficar. Eu tenho o hoje, eu tenho o agora. o amanhã não se sabe, o amanhã é incerto e não me pertence. não há pelo o que se esperar, não há futuro, não há sonhos, nem planos.. eu não quero me frustar se por acaso isso não chegar, por isso eu só tenho o hoje, nada mais. E hoje tudo o que eu tenho é nada, e por causa desse nada eu posso fazer tudo. 
As chuvas, as tempestades, os trovões, só vão passar quando não existir mais um céu. o meu céu, mais nítidamente falando.


(um mês)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

chove, chuva.



A chuva caí lá fora, e junto vai limpando o sangue que escorre de todas as feridas ainda não cicatrizadas. Grandes machucados. algum remédio pra tanta dor? A dor que domina os olhos, que invade e se expande por todo o ser. Por favor, chuva, caia sobre o meu rosto, molhe os meus pés, lava-me e limpa-me de novo. Leve embora tudo o que corrói e destrói os corações, arraste junto contigo tudo isso e leve para bem longe daqui. Não deixe nenhum vestígio e nenhum resto que volte a machucar, agora tudo é seu e nada mais me pertence. As roupas manchadas não farão mais parte de mim. Com o olhar direcionado ao mais longe horizonte, é la que eu vou chegar. Não importam as barreiras, nem os obstáculos que querem me derrubar, meus olhos sempre vão continuar direcionados para lá. 

Eu sei que depois dessa forte e longa chuva, um belo arco-íris surgirá.

[uma semana]