Não tenho sono, muito menos palavras. Elas sumiram, assim como você.
Mas me permito a liberdade. De não abaixar o olhar, nem disfarçar a lágrima, muito pelo contrário. Me liberto da mesma na maior intensidade possível, e isso é irritantemente bom.
De me perder por horas em inúmeros pensamentos e projeções de algo que de fato poderia ser bom, mas não é.
Me permito saudade, me permito dor. Me permito você.
E te abraço e te beijo e te amo como gostaria de conseguir me amar, mas não o faço.
E queimo o cigarro como gostaria de queimar as cartas, mas não consigo.
Então eu deixo tudo pra você, já que eu não quero mais.
Me deixo pra voce, te deixo pra mim, nos deixo.
Nos deixo com que pode cuidar de nós. Mas não digo adeus.
Te guardo.Te guardo e te alimento com o pulsar das minhas artérias.
Arrisco notas desafinadas em sua direção.
Elas não chegam.Te procuro. Não te acho. Faço birra. Desisto. Sou assim. E fico aqui.
Prefiro a porta trancada do que a rua aberta. Há quem critique.
Mente conturbada demais pra poucas horas do dia - não sei lidar.
Largada, maquiagem borrada, moletom e meias do avesso: não faço questão de nada. Um gole pra um milhão de problemas. Sou o que eu quiser ser.
(Texto para a corrente literária "Quem é você quando ninguém está olhando?")